Bolsonaro cogita Michelle como candidata à Presidência em 2026 para manter controle político do PL

Inelegível e pressionado por aliados, Jair Bolsonaro avalia lançar Michelle Bolsonaro à Presidência em 2026. O movimento seria uma resposta à articulação de candidaturas alternativas no campo da direita.

Durante boa parte do mandato de Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro manteve um perfil discreto como primeira-dama: sem entrevistas, fora dos debates ministeriais e com atuação restrita a ações sociais voltadas à inclusão e à população vulnerável. No entanto, esse cenário mudou em 2022, quando a resistência feminina à reeleição de Bolsonaro acendeu o alerta na campanha, levando Michelle ao centro da estratégia eleitoral.

Com forte apelo entre o eleitorado evangélico, Michelle foi usada como trunfo para tentar suavizar a imagem do então presidente, acusado de misoginia. A aposta rendeu frutos simbólicos — a ex-primeira-dama passou a acompanhar o presidente em viagens, subiu no palanque e se consolidou como um dos ativos mais valorizados do bolsonarismo.

Agora, em 2024, com Bolsonaro inelegível e réu por tentativa de golpe, a figura de Michelle volta a ganhar força nos bastidores. Segundo a revista Veja, aliados do ex-presidente discutem seriamente a possibilidade de lançá-la como candidata à Presidência da República em 2026, em resposta à movimentação de políticos do centro e da direita por uma chapa alternativa sem Bolsonaro.

A articulação foi revelada pelo ex-presidente Michel Temer, que negocia com governadores como Tarcísio de Freitas (SP), Eduardo Leite (RS), Ronaldo Caiado (GO), Romeu Zema (MG) e Ratinho Júnior (PR). A ideia é formar uma frente unificada de oposição a Lula, mas sem o ex-capitão como protagonista — algo que incomodou profundamente o núcleo bolsonarista.

O ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, atacou publicamente a iniciativa, classificando-a como “palhaçada” e defendendo uma chapa 100% PL. “Eleição é voto, e o bolsonarismo é a usina geradora deles”, escreveu nas redes sociais.

A reação também ecoou entre aliados como o pastor Silas Malafaia, que declarou:

“O Bolsonaro vai dar um xeque-mate: ‘Vocês não me querem? Então engulam minha mulher’.”

Embora Michelle até então fosse cotada para disputar cargos no Legislativo, Bolsonaro estaria avaliando lançá-la ao Planalto, como forma de manter influência direta na eleição e nas decisões do campo conservador.

Essa possibilidade surge em meio à crescente desconfiança em relação a Tarcísio, governador de São Paulo, que — apesar de ser considerado pupilo de Bolsonaro — vem sendo pressionado por outros partidos a disputar a presidência. Aliados reclamam que Tarcísio não estaria se empenhando para defender Bolsonaro nos processos judiciais.

O próximo teste será no dia 30 de maio, quando Tarcísio prestará depoimento ao STF como testemunha de defesa no caso que pode condenar Bolsonaro por tentativa de golpe. O desempenho do governador poderá definir o futuro da aliança entre os dois.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro em ato na Avenida Paulista, em São Paulo, em 25 de fevereiro de 2024. Foto: Nelson Almeida/AFP

“BATONZAÇO” - Michelle: por enquanto, ela é o instrumento do ex-presidente para continuar com as rédeas do jogo (Victor Chagas/PL Mulher/.) Leia mais em: https://veja.abril.com.br/politica/bolsonaro-aposta-em-michelle-para-seguir-vivo-no-jogo-politico-rumo-a-2026/

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