Bolsonaro participou da edição do decreto golpista, confirma Mauro Cid

Bolsonaro participou da edição do decreto golpista, confirma Mauro Cid

Começaram na tarde desta segunda-feira (9), no Supremo Tribunal Federalista (STF), os depoimentos dos réus do Núcleo 1 da tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Os interrogatórios são conduzidos pelo ministro relator, ministro Alexandre de Moraes.
 
O primeiro a depor foi o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, que fez delação premiada à Polícia Federalista. Ele é a principal testemunha de denúncia, por ter presenciado grande segmento dos fatos.

Decreto golpista

Mauro Cid confirmou que Bolsonaro participou da edição do decreto golpista, apresentado por Filipe Martins, assessor do ex-presidente, que também é réu pela trama golpista. Cid afirmou que, na versão final, somente o ministro Alexandre de Moraes seria recluso:

“Eu não me ative muito nos detalhes do documento, mas seria conduzir uma novidade eleição, fundamentado numa eleição anulada. […] (Bolsonaro) recebeu e leu (o documento). Ele enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor ficaria uma vez que recluso”.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro confirmou que ocorreram diversas reuniões do ex-presidente com os comandantes das tropas para discutir o golpe de Estado, que teve suporte unicamente do almirante Almir Garnier, logo comandante da Marinha e também um dos réus da ação penal.

Fraude nas urnas
 
Mauro Cid disse ainda que a intenção de Bolsonaro era tentar provar alguma fraude nas urnas eletrônicas, para ampliar a mobilização de seus seguidores, mas que não houve nenhuma comprovação de problemas nas eleições:

“Sempre se teve a teoria que pudesse, até o final do procuração, romper uma fraude real nas urnas, tanto que, em todas as minhas mensagens que foram abertas por segmento da investigação, em todas elas eu falo que não foi encontrada nenhuma fraude, que tudo ficou no campo da estatística e que, de certa forma, não ia intercorrer zero. Até porque não tinha suporte dos comandantes militares e não tinha subvenção de ter encontrado uma fraude ou alguma coisa que pudesse ser o rastilho de alguma coisa”.

Pressão de aliados
 
Para Mauro Cid, havia pressão de aliados de Bolsonaro para que fossem tomadas medidas mais radicais para impedir a posse do presidente Lula:

“Tinha-se uma pressão grande se os generais que estavam, o general Freire Gomes, não fossem fazer zero, que uma selecção seria trocar os comandantes, para que o próximo comandante do Tropa assinasse ou tomasse uma medida mais dura e radical. Logo, isso estava dentro daquele contexto de pressionar os militares de alguma forma ou pressionar o presidente a assinar o decreto. Toda a pressão que estava sendo feita em cima do presidente era para que o presidente assinasse um decreto. Que ele assinasse um decreto que determinasse uma ação militar, o estado de resguardo, estado de sítio”.

Os interrogatórios dos réus devem continuar nesta terça-feira (10), começando pela manhã, por ordem alfabética: primeiro, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem; depois, o almirante Almir Garnier; o ex-ministro da justiça Anderson Torres; o general Augusto Heleno; o ex-presidente Jair Bolsonaro; o general Paulo Sérgio Nogueira; e, por último, general Walter Braga Netto. 
 
Os réus desse 1º núcleo respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de derrogação violenta do Estado Democrático de Recta, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.


Manancial: Rádio Sucursal Nácional

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