Nos antigos bairros de Parintins (AM), conhecidos uma vez que Reduto do Esconde e Bandas do Urubusal, nordestinos que migravam para o setentrião se estabeleciam ali em procura de trabalho nos seringais.
Foi nesse cenário que nasceu uma das mais importantes expressões culturais da Amazônia: o Boi Caprichoso, o lendário touro preto da América. Sua origem remonta ao esforço de uma família cearense, que além da força de trabalho, trouxe consigo um imenso patrimônio cultural.
A história do Boi Caprichoso está muito ligada à saga dos irmãos Cid, Roque, Antônio e Pedro Cid, naturais de Crato, no Ceará. Em 1913, o boi foi oficialmente batizado e seu nome surgiu a partir da sugestão do legisperito Furtado Belém, que afirmou: “Se aquele boi branco é guardado, o nosso boi preto é caprichado”. Assim, nasceu a identidade do Boi Caprichoso.
Mesmo sem estrutura formal ou registros oficiais antes da geração do festival, Caprichoso e Guardado já alimentava uma rivalidade. No início, a vitória era determinada simplesmente pelo boi que recebia mais aplausos do público presente. O primeiro título solene do Boi Caprichoso veio em 1969, durante a segunda edição do festival, já marcado pela disputa entre as duas agremiações.
Na dezena de 70, o touro preto consolidou sua força, conquistando os festivais de 1972 e 1974. Além de um impressionante tricampeonato entre 1976 em 1979. Mais de 110 anos posteriormente a sua instalação, o Boi Caprichoso permanece uma vez que um símbolo vivo da originalidade do povo brasílio.
A clube azul e branca continua honrando a promessa feita pelos irmãos Cid há mais de um século: proporcionar festividades grandiosas para a população e manter vivo uma tradição que representa a força criativa do povo amazônico. Em cada apresentação, o Boi Caprichoso reafirma a exigência de guardião de uma cultura que nasceu da transmigração, cresceu na flutuação e se consolidou uma vez que símbolo de identidade regional.
Natividade: Rádio Sucursal Nácional
