A Campanha Maio Laranja, dedicada ao alerta contra abusos sexuais e assédio a crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis, coloca em debate situações delicadas, dolorosas e urgentes!
Nossa personagem Carla é uma das vítimas desses crimes, na maioria das vezes silenciados. O nome suposto, é de uma mulher autista, que pediu para não ter a identidade revelada. Sem esconder a dificuldade que tem para falar do objecto, ela conta que já passou por diversas situações de insulto desde a puerícia.
“Passei por mais de dez situações desde a puerícia, e não é excesso. A cada vez, só conseguia digerir depois, em períodos de reclusão e depressão, tentando me preparar para não viver aquilo novamente”.
No testemunho à nossa equipe, Carla revelou o caso mais grave que sofreu:
“A situação mais traumática foi o estupro cometido por um varão de muro de 40 anos, colega de uma conhecida minha. Fui muito clara sobre meus limites. E ele disse que me respeitava. Acreditei, porque levei a vocábulo dele ao pé da letra. Mas ao concordar um invitação para jantar em sua mansão, fui surpreendida e o pior aconteceu”.
O tema da violência sexual contra meninas e mulheres autistas ganhou destaque quando a protótipo inglesa Christine McGuinness, diagnosticada com autismo, relatou ter sofrido abusos dos 9 aos 11 anos, e ter sido estuprada aos 14.
A psiquiatra Claudia Paola Aguilar, que acumula experiência em atendimentos destes casos, explica os riscos da violência contra pessoas autistas:
“As pessoas no espectro autista têm um risco maior de suportar violência sexual em conferência com a população em universal. Tem estudos mostrando que até 90% das mulheres autistas podem ter sido vítimas de qualquer tipo de violência sexual ao longo da vida”.
A profissional acredita que as características do autismo acabam colaborando para o silenciamento:
“Faz secção do transtorno do espectro autista essa dificuldade na notícia, tanto na questão de entender a notícia do outro, uma leitura do verbal e do não verbal, das intenções da outra pessoa com relação a ela, quanto para interpretar que houve uma violência, de que aquilo é uma violência sexual, quanto para denunciar”.
Ainda de entendimento com a psiquiatra Claudia Paola Aguilar, o primeiro passo é não expor a vítima em caso de suspeita de violência sexual contra a pessoa autista.
“Quando a gente suspeita que uma pessoa no espectro autista, uma garoto ou até um adulto, tenha sido vítima de alguma violência sexual, o importante é que a gente não exponha demais essa garoto ou essa pessoa no espectro, fazendo com que ela conte muitas vezes o que aconteceu”.
Segundo o Atlas da Violência 2024, estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada com a colaboração do Fórum Brasiliano de Segurança Pública, a violência sexual ficou em terceiro lugar entre as notificações de violência contra pessoas que têm deficiência, com 23% dos casos. A violência física foi a mais relatada, com 55% dos registros, e a psicológica veio em seguida, quase 32% das notificações.
Entre os canais de denúncia para esse tipo de violação estão o Disque 100, Delegacias e Ministério Público.
Manancial: Dependência Brasil