Tecnologia “Direct to Cell” da SpaceX Permite Acesso Imediato a Mensagens e Emergências em 50 Modelos de Smartphones, Incluindo Dispositivos Apple e Samsung, Gerando Questionamentos sobre o Futuro das Operadoras Tradicionais
SÃO PAULO, BRASIL – O cenário das telecomunicações global e, em particular, no Brasil, acaba de presenciar um marco potencialmente transformador. A partir desta quinta-feira, 31 de julho de 2025, a Starlink, a ambiciosa rede de internet via satélite da SpaceX, empresa de Elon Musk, liberou o acesso gratuito à internet diretamente para cerca de 50 modelos de celulares. A iniciativa, que já está em funcionamento no território brasileiro, promete revolucionar a conectividade, especialmente em regiões onde a infraestrutura terrestre é precária ou inexistente.
A grande novidade reside na tecnologia “Direct to Cell”, uma inovação que permite que os smartphones se conectem diretamente aos satélites em órbita baixa da Starlink, eliminando a necessidade de torres de telefonia celular convencionais. Quando um aparelho compatível se encontra fora da área de cobertura de sua operadora tradicional, ele se conecta automaticamente à rede Starlink, exibindo o nome “T-Mobile SpaceX” na tela. Este avanço representa um passo gigantesco em direção à democratização do acesso à internet e à comunicação em escala global.
Nesta fase inicial de lançamento, o serviço oferece funcionalidades essenciais, mas limitadas: o envio e recebimento de mensagens de texto, o compartilhamento de localização em tempo real e o acesso direto a serviços de emergência. A promessa da Starlink é expandir gradualmente as capacidades, com recursos como chamadas de voz e navegação completa na internet sendo liberados em etapas futuras, conforme a infraestrutura satelital e as regulamentações locais permitam.
Para usufruir desta inovação, os usuários precisam possuir um dos modelos de celular compatíveis e garantir que o sistema operacional do aparelho esteja devidamente atualizado. Além disso, é necessário que a opção de conexão automática a redes emergenciais esteja ativada nas configurações de rede do dispositivo. A lista de aparelhos aptos abrange uma vasta gama de marcas populares: são 27 modelos da Samsung, 12 da Apple, 5 da Motorola, 4 da Google e 2 da T-Mobile (estes últimos, sem venda oficial no Brasil).

Confira a lista detalhada de alguns dos modelos compatíveis:
- iPhones: iPhone 14, 14 Plus, 14 Pro, 14 Pro Max; iPhone 15, 15 Plus, 15 Pro, 15 Pro Max; e as recém-lançadas versões iPhone 16, 16 Plus, 16 Pro, 16 Pro Max.
- Samsung Galaxy: Inclui as linhas Galaxy A (A14, A15, A16, A35, A53, A54), Galaxy S (S21, S21 Plus, S21 FE, S21 Ultra, S22, S23, S24, S25, incluindo suas variações Plus, Ultra e FE) e os dobráveis Galaxy Z (Flip3, Flip4, Flip5, Flip6, e Fold3, Fold4, Fold5, Fold6), além do robusto Galaxy X Cover6 Pro.
- Motorola (linha 2024): Modelos como Razr, Edge, Moto G Stylus 5G, Moto G Power 5G e Moto G 5G.
- Google Pixel: Pixel 9, 9 Pro, 9 Pro XL e 9 Pro Fold.
- T-Mobile: REVL 7 5G e REVL 7 Pro 5G.
Gratuidade e Sustentabilidade: Perguntas no Horizonte
Apesar do anúncio da gratuidade inicial no Brasil, a Starlink já indicou que esta fase é um “beta” (fase de testes). Nos Estados Unidos, a gratuidade está programada para durar apenas até julho, após o que o serviço passará a ser cobrado mensalmente. Essa informação levanta sérias dúvidas sobre a manutenção da gratuidade em outros países, incluindo o Brasil, a longo prazo.
Especialistas em telecomunicações e analistas de mercado expressam preocupações quanto à sustentabilidade de um modelo gratuito, considerando os altíssimos custos operacionais envolvidos na manutenção de uma constelação de milhares de satélites em órbita e no desenvolvimento contínuo da tecnologia. A expansão para serviços mais complexos, como chamadas de voz e dados completos, também dependerá de acordos comerciais com operadoras locais e de um complexo emaranhado de regulamentações em cada país.
Para os usuários interessados em testar a funcionalidade, o procedimento é simples: basta ter um dos modelos de celular compatíveis, garantir que o sistema operacional esteja atualizado e ativar a opção de conexão automática a redes emergenciais nas configurações. Ao sair de uma área com cobertura de rede tradicional, o celular deve automaticamente detectar e exibir “T-Mobile SpaceX” como a rede ativa.
A proposta da Starlink representa um avanço inegável na democratização do acesso à internet, com potencial para transformar radicalmente a comunicação, especialmente em áreas remotas e de difícil acesso, onde as operadoras tradicionais enfrentam barreiras geográficas e de custo. No entanto, o impacto final sobre o mercado de telecomunicações e o futuro das operadoras ainda é uma questão em aberto, dependendo das próximas fases de desenvolvimento, da política de preços e das aprovações regulatórias em cada país. Se este é o início do fim das operadoras tradicionais, só o tempo dirá.