VideBula – Incidente 11: Doação de Sangue
🎵 ABERTURA: Sobe Som 🎵
Raíssa: Olá, pessoal! Sejam bem-vindos a mais um VideBula, seu podcast sobre saúde, bem-estar e direitos das pessoas com deficiência e doenças raras. Eu sou Raíssa Saraiva.
Pati: Eu sou Patrícia Serrão. A gente sabe que doar sangue é um ato de paixão e de cidadania, além de ser uma ação que ajuda não só a sociedade em universal, mas muitas pessoas que precisam de transfusões constantes.
Raissa: Mas aí vem a incerteza: posso doar sangue tendo uma doença rara?
Pati: Quem vai esclarecer esse e outros temas para a gente é a gerente de Captação de Doadores do Hemocentro de Brasília, Kelly Barbi.
🎵Som de Transição
Raissa: Kelly, muito obrigada por participar do nosso VideBula. Nossa primeira incerteza é: pessoas com deficiência podem doar sangue normalmente?
Kelly: Logo, pessoas com deficiência podem doar sangue, mas a gente precisa entender qual é o tratamento, o seguimento e o uso de medicações que a pessoa pode estar em uso, o que pode vir a inabilitar temporariamente ou de forma definitiva para doação de sangue. Às vezes, pela deficiência em si, não impede a doação, mas pela medicação ou pelo motivo que originou a deficiência, também. É isso que a gente precisa entender.
Pati: Seria o mesmo caso das pessoas que convivem com doenças raras ou autoimunes, que fazem tratamentos mais complexos?
Kelly: Isso. Por exemplo, doenças autoimunes de uma forma universal, elas geram inaptidão definitiva para doação de sangue. Logo, por exemplo, tem a tireoidite de Hashimoto, que é uma requisito muito específica de hipotireoidismo que, pela legislação do Ministério da Saúde, gera uma inaptidão definitiva por conta das taxas da tireoide que oscilam bastante e do seguimento permanente que a pessoa vai precisar fazer ao longo da vida. Uma exceção de doença autoimune seria o vitiligo. Essa doença, o Ministério da Saúde, que é quem fronteira toda a normativa em relação à doação de sangue para o país, já flexibilizou. Logo, hoje quem tem vitiligo pode doar sangue. Dentro desse rol que você também colocou, para além das doenças autoimunes, a gente poderia colocar, por exemplo, a doença celíaca, que se muito controlada, pode doar. A hemofilia, por exemplo, é uma doença genética e que o paciente tem deficiência do fator de coagulação no sangue e não pode doar em hipótese alguma.
No caso de doenças raras, cada caso vai ser analisado cá também, porque ou a doença de base ou a medicação que a pessoa eventualmente tiver em uso, pode ser que gere uma inaptidão temporária, definitiva ou porquê no caso do vitiligo, que não impede de forma alguma para doação hoje em dia.
Raissa: Logo no caso, não é sempre a patologia em si que impede a doação, mas o tratamento, é isso?
Kelly: Isso. Logo por exemplo, às vezes a pessoa tá em uso de antibiótico. O antibiótico pode gerar uma inaptidão ao doador por 15 dias, porque essa medicação ela tem um tempo médio de vida no organização que pode prejudicar o paciente na ponta. Logo vai depender da medicação e da doença de base do candidato cá no momento da triagem clínica.
Pati: E assim Kelly, você tá falando daí de Brasília, de onde a Raíssa te entrevista também, e eu queria saber, eu sou do Rio, se essas diretrizes valem para todo o Brasil ou mudam de estado para estado?
Kelly: Há toda uma legislação vernáculo preconizada pelo Ministério da Saúde, com resoluções da Anvisa, que também dão suporte para essa legislação vernáculo, que na verdade representa um guarda-chuva, digamos assim, de legislações, de normatizações em relação a hemoterapia, aos bancos de sangue, e que todos os bancos, sejam eles independentemente de serem públicos ou privados tem que seguir fielmente o que está posto, inclusive essa questão da inaptidão temporária ou definitiva. Isso é de legislação. Nenhum hemocentro tem autonomia ou pode legislar ou utilizar inaptidão de forma autónoma, individualizada.
Raíssa: Kelly, porquê funciona a triagem clínica dos doadores? Os hemocentros fazem qualquer tipo de fiscalização antes da doação?
Kelly: Existe assim no imaginário popular que a gente faz um check-up e aí na verdade, enquanto hemocentro, banco de sangue, a nossa preocupação é em relação às principais doenças transmissíveis pelo sangue. E esse rol é um rol taxativo também disposto pelo Ministério da Saúde. Logo, as principais doenças que são transmissíveis e que constam no rol são: HIV, sífilis, chagas, malária, hepatites B e C, HTLV-1 e 2. Para além dessas, precisamos também, é evidente, identificar A.B.O. Se o nosso doador é A.B.O. positivo ou negativo. É, isso é fundamental também. E, evidente, de quebra, a gente consegue ver também, identificar variações de hemoglobina. Às vezes, o nosso candidato tem uma hemoglobina S, que é do trato da anemia falciforme. Logo, as alterações de hemoglobina também a gente acaba detectando cá, para até entender se, por exemplo, é importante ele continuar doando sangue ou não.
Pati: Os hemocentros também são responsáveis pelo cadastro de doadores de medula óssea? Valem os mesmos critérios da doação de sangue?
Kelly: Sim, em paralelo, são os mesmos critérios. Exceto por exemplo, no caso de doenças autoimunes. Por exemplo, a questão da tireoidite de Hashimoto. Ela é impeditiva para doação de sangue, mas para o cadastro de medula, se estiver controlado, não é um impedimento para o cadastro, uma vez que o candidato interessado em aderir ao banco de possíveis doadores de medula óssea, eles precisam atender a três critérios: ter entre 18 e 35 anos, não ter nenhuma doença infecciosa incapacitante e ter um bom estado universal de saúde.
No momento do cadastro a gente vai colher 4 ml de sangue, para fazer uma leitura genética inicial desse sangue para que o doador possa logo entrar nessa base de dados, que hoje é vernáculo e internacional e que faz segmento da rede do Instituto Vernáculo do Cancro (Inca), que tem sede no Rio de Janeiro.
Se esse verosímil doador, se ele for escolhido para de veste para coleta da medula, para o transplante, aí o próprio Redome, o Registro de Doadores de Medula, é quem vai realizar exames pré-transplante e aí eles vão calcular o quadro universal do doador para ver se de veste é verosímil coletar a medula óssea dele. É uma bateria de exames muito semelhante às já praticada para doação de sangue.
Raíssa: A gente fala muito sobre isso, mas sempre vale a pena repetir. Para doar sangue precisa ter mais de 18 anos e podem doar pessoas de até 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita antes dos 60. E os menores de idade também podem doar desde que tenham autorização formal do responsável permitido e estejam acompanhados de um adulto. Além desses, quais são os outros critérios básicos para doar sangue?
Kelly: A questão do peso, ter pelo menos 51 kg, de vir muito sustentado, sem gordura e derivados do leite, de ter dormido pelo menos 6 horas na noite anterior, um documento solene com foto. O doador de sangue, por ser um ato solidário, altruísta, é importante que o doador, já no momento do registro, que ele expresse a vontade dele em ser doador. Porque nós temos às vezes casos em que, por exemplo, candidatos com Transtorno do Espectro Autista vem doar, mas é o pai ou a mãe que estão incentivando o candidato a doar.
Logo, é importante para nós, enquanto serviço de saúde, e respeitando todos os pilares vinculados à doação de sangue, porquê eu falei, a questão da autonomia da vontade, por ser uma doação de sangue e pelo veste de estarmos ali diretamente coletando o sangue do doador, logo, ele tem que expressamente entender o que ele veio fazer cá e consentir com oriente ato, para que ele, de forma alguma, represente qualquer possibilidade de violência sobre o corpo.
Pati: É importante substanciar com os nossos ouvintes que todo mundo que deseja ser doador de sangue ou de medula precisa ser muito honesto sobre suas condições de saúde na hora da triagem no Hemocentro.
Raissa: Isso mesmo, Pati. A gente falou lá no início que doar sangue é um ato de cidadania, e isso inclui a gente pensar que o que estamos doando precisa estar nas melhores condições para ajudar as pessoas que vão receber. Logo faça a relação do seu tratamento, dos remédios que você toma e vá ao hemocentro para tirar a incerteza se você está capaz ou não a doar.
Kelly: Mas se for um caso de doença de que gere uma inaptidão definitiva, nós sempre aconselhamos o nosso público a trabalhar porquê voluntários, multiplicadores, ou seja, você vai estar trabalhando voluntariamente em prol da motivo, organizando grupos, sensibilizando a população, a sociedade, para a valia da doação regular de sangue. Você vai estar se doando, contribuindo também para a nossa motivo. Voluntários assim são sempre muito bem-vindos.
Pati: Ou seja, o que não falta são maneiras de ajudar! Muito obrigada pela sua participação cá com a gente, Kelly!
🎵 SOM DE ENCERRAMENTO
Raissa: E esse foi mais um VideBula! Obrigada pela companhia e lembrem-se de seguir a gente nos tocadores de podcast e compartilhar esse incidente com quem precisa saber essas dicas.
Pati: Se você que está ouvindo tem dúvidas ou sugestões, manda um e-mail para gente em videbula@ebc.com.br! Queremos ouvir vocês!
Raissa: O VideBula é uma produção original da Radioagência Vernáculo, um serviço público de mídia da EBC, a Empresa Brasil de Notícia.
Pati: O podcast é idealizado e apresentado por mim, Patrícia Serrão, e por Raíssa Saraiva. A edição é de Bia Arcoverde.
Raissa: Na operação em Brasília, Cláudio Lima. E no áudio e sonoplastia no Rio, Toni Godoy.
Pati: Você pode ouvir outros podcasts e séries da Radioagência Vernáculo no nosso site, nos tocadores de áudio e com tradução em Libras no YouTube.
Raissa: Para mais informações, VideBula! Até a próxima!
🎵 SOM DE ENCERRAMENTO
Natividade: Dependência Brasil